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Posted by : Equipe Fã Clube Sinceramente Ana Carolina 25 de jun. de 2010





Ao piano, Chiara Civello mostra uma composição na qual ela e Ana Carolina têm trabalhado "obsessivamente" nos últimos dias. No violão está a parceira e anfitriã, as duas fazem belos vocalises e se concentram no tema, complexo, rico em seu desenho melódico, que, como comenta, em fluente e correto português, a cantora e compositora italiana radicada em Nova York, lembra a estrutura de uma ária.

- Até agora só temos isso, estamos em dúvida de que caminho seguir. Ana acha essa nota muito difícil, mas, olha que bonito fica se depois colocamos esse trecho em tom maior - explica Chiara, para, em seguida, Ana completar:
- Às vezes, temos discussões, batemos de frente mesmo. Mas, quando é para ser, a canção se impõe, independentemente do que eu quero ou do que Chiara deseja.

Em menos de dois anos, desde que elas se conheceram num sarau dos Compositores Unidos organizado por Dudu Falcão, muitas músicas já se impuseram. Chiara virou a principal parceira de Ana em seu último disco de estúdio, "Nove" (2009), dividindo quatro das nove faixas. Três delas ganharam agora versões em italiano, "8 storie", "Resta" e "Dimmi perche", e estão no CD "7752", que chegará às lojas no fim de semana, no selo Armazém, de Ana Carolina, com distribuição da Sony Music.

O álbum de Chiara traz duas outras parcerias com Ana, "Sofa" e "I didn't want" (esta a versão em inglês de "Mais que a mim", lançada pela brasileira no CD/DVD "9 + um"), e canções com Dudu Falcão ("Simplesmente aconteceu") e Antonio Villeroy ("Un uomo che non sa dire addio"). Nada mal para uma artista que até então entendia a composição como um trabalho solitário.

Com carreira ascendente nos Estados Unidos (e na Europa), Chiara já tinha dois discos lançados pela poderosa Universal. O primeiro, no selo jazzístico Verve, "Last quarter moon" (2005), incluiu uma parceria, "Trouble", com o mestre supremo do pop, Burt Bacharach, a quem ela foi apresentada pelo produtor Russ Titelman (que tem no seu currículo trabalhos com gente como Paul Simon, Eric Clapton, Rickie Lee Jones e James Taylor). No entanto, no início de 2008, certa manhã, em meio a uma crise pessoal, ela se lembrou de um conselho de sua mãe: "Quando estiver com problemas, saia de casa, caminhe um pouco". Chiara pegou o telefone, ligou para o amigo Daniel Jobim e, naquela mesma mesma noite, voou bastante: 7.752 kms, a distância que separa Nova York do Rio e o número que, agora, batiza seu terceiro disco.

- Tenho ótima memória. Liguei para Daniel no dia 13 de fevereiro e, no dia 14, desembarquei no Rio. Cinco dias depois, ele me levou para um ensaio do Jobim Trio na casa de Milton Nascimento. E, naquela noite, seguimos para o sarau onde conheci Dudu, Jorge Vercillo, Ana Carolina, Max Vianna, Línox, Luiza Possi...

Chiara entrou, literalmente, na roda. O violão foi passando de mão em mão, e, quando chegou a sua vez, não negou fogo. Durante o sarau, Ana perguntou se ela não tinha uma melodia inédita. No dia seguinte, Chiara entregou à nova amiga "Resta" (que virou uma tríplice parceria, completada por Dulce Quental).

Nascida em Roma, Chiara chegou aos EUA em 1994, aos 18 anos, com uma bolsa para a Berklee School of Music, em Boston. Por quatro anos, ela mergulhou no mundo do jazz, estudando os solos de Charlie Parker, Miles Davis, John Coltrane e companhia, e a obra dos grandes compositores americanos, Cole Porter, George Gershwin, Hoagy Carmichael e... Tom Jobim. Após se formar, passou a se apresentar no circuito de clubes de jazz de Boston, até se mudar para Nova York. Tempos depois, através de dois colegas de Berklee, Chiara participou de um ensaio de Paul Simon, no qual conheceu o produtor Titelman, a quem entregou uma fita demo.

- Tinha quatro arranjos para clássicos do jazz e uma composição minha. Russ me ligou no outro dia e disse: "Esqueça tudo que fez até agora, você é uma compositora!".

A jovem cantora e pianista aceitou o conselho, mostrou trabalho, e Titelman, percebendo que seu faro não falhara, passou a abrir muitas portas, incluindo a do selo Verve e a de Burt Bacharach, em Santa Monica, na Califórnia.

- Não me esqueço do conselho que Bacharach me deu quando trabalhávamos em "Trouble" e comecei a tentar algumas variações do tema: "Se você tem uma coisa sólida, forte, tem que repeti-la através da canção".

Russ Titelman também apresentou Chiara a Daniel Jobim, que relembra:

- Russ me mandou pelo correio um CD com uma música dela. Fui a Nova York, a gente se encontrou algumas vezes e, quando chegou a hora de gravar na Verve, participei da faixa "Sambaroma" - conta Daniel, que, repetiu a dose num disco do guitarrista e cantor americano John Pizzarelli, "Bossa nova", também produzido por Titelman. - Foi tudo ao vivo no estúdio, nós três com apenas um microfone no meio da gente. Dessa forma, o vocal tem que sair já timbrado, afinado, balanceado e soando bem assim logo de cara. Não tem enganação.

Agora, em "7752", apesar de tantos parceiros e músicos brasileiros - entre esses, Ana Carolina (que gravou violão em quase todo o CD), o baixista Alberto Continentino, o percussionista Mauro Refosco, o violoncelista Jaques Morelenbaum e o baterista Domenico Lancellotti -, a sonoridade remete mais ao pop-rock e à balada italiana. Chiara concorda em parte, fala da influência do soul da Stax, confirmando que esse é o disco que traz mais letras em sua língua.

- Não poderia imaginar coisa melhor. Estou vivendo num triângulo perfeito, entre Nova York, Rio e Roma - conta ela, que, em julho fará uma turnê na Itália, onde o álbum já foi lançado, voltando ao Brasil em agosto, para duas apresentações para convidados e a abertura de um show de Ana Carolina no Rio.

Fonte: O Globo

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